Eu tenho um defeito muito grande que é, ao escrever, misturar muitos
assuntos e não me estender de fato em algum deles. Estou tentando ser
mais calma; e confesso que apesar de todos os pontos negativos do meu atual emprego, ele me deu um pouco mais de paciência e tranquilidade ao pensar/transmitir/focar/planejar. Então, vamo lá.
Nas minhas viagens diárias pelo mundo virtual, encontrei o Doutores da Alegria.
Acredito que eu nem precise explicar o que seja, já que eles são
bastante conhecidos pelo mundo inteiro. Mas, na própria definição do
site: "Os Doutores da Alegria são palhaços que fazem de conta que são médicos para crianças que fazem de conta que acreditam."
Porém, não estou aqui para falar deles, e sim dos doentes, não importa
se foram atendidos pelos palhaços ou não. No site, existe uma parte de
depoimentos de pacientes, divididos por temas. Eu fui direto no 'morte' -
que relata a experiência daqueles que quaase foram para o outro lado - e
'religiosidades' - que conta como a religião ajudou no processo da
doença e tratamento. Sempre achei esses dois tópicos estranhamente (ou
obviamente? depende da mente) ligados. Depois de muito ler e pensar,
separei esses dois para citar aqui:
Nome: Beatriz
Memória: Sempre
existiu essa fantasia, quem entra em coma, volta, fala o que fez, a
passagem toda, não sei o que, vê luz, encontrou não sei o quê. Eu não
lembro nada. Eu falei: ”Putz! Se eu tivesse morrido, eu não ia nem ter
sabido! Daquela vida!”. Nada, assim, some “Fuuu!”. Desaparece. Ao mesmo
tempo eu tenho essa sensação de que houve um momento em que houve uma
escolha. Eu disse: “Não. Eu vou ficar”. Então você fala: “Como assim?
Onde se processa? Talvez seja em você mesmo”. Muita coisa foi
questionada, ao mesmo tempo eu disse: “Eu nunca fui uma pessoa
religiosa”. Mas eu falo: “Putz, eu sempre... Eu não acreditei na morte
não”. Eu não acreditava na morte eu acho. Porque o fato de ter vivido, e
a sensação de solidão. Essa solidão era angustiante. Era uma sensação
muita forte de solidão. Eu tinha uma solidão, em algum momento ali, que
eu não sei...
Nome: Marlene
Memória: Eu
acho que o centro me ajudou muito. Fiz um tratamento espiritual, já tive
alta. (...) Passes, só passes. E estou estudando bastante a história de Jesus.
(...) Lá a gente fala bastante sobre reforma íntima, que é você quem
tem que procurar... Jesus falava que o tesouro dele não estava aqui na
Terra. Você tem que colher coisas para seu espírito, para sua alma,
porque a matéria, daqui a gente não leva nada. Então o que eu puder
colher e fazer o bem, eu vou colher, vou crescer espiritualmente. Isso
tem me feito muito bem, esse detalhe da reforma íntima.
Acho
instigante. O engraçado, é que até os desacreditados, ao falarem da
experiência de colocar um pézinho no céu, citam religiões ou Deus. Só o
fato daquele parêntese - 'ah, nunca tive religião' - já diz muito sobre a
fé, ou a falta dela. Não sei
você, mas quando eu chegar no meu momento decisivo, acho que vou pensar
muito no que tem do outro lado. Vou lamentar muitíssimo deixar esse
mundo pra trás, e tudo que a vida pode me proporcionar e as pessoas que
eu amo; mas, confesso que talvez eu fique excitada e curiosa pra saber o
que tem naquela tal luz. E esse lado, está diretamente ligado à fé.
Quem não gostaria de acreditar que ao bater as botas, vamos encontrar
aquele parente querido que faleceu há alguns anos? Quem não gostaria de
acreditar em algum Deus, para no exato momento de acontecer, parar de
sentir medo e sentir conforto por saber que a morte não é um
bicho-papão?
Essa fé provém não somente de um Deus. Essa fé é a nossa segurança.
A
mente é perspicaz. Ela é um emaranhado de enigmas. E eu acredito
fielmente que ela é capaz de mover qualquer sentimento - bom ou ruim -,
podendo confortar o pior. Pra mim, a fé em Deus [insira aqui o Deus de
sua crença] nada mais é do que a fé em si mesmo. O ser humano tem muitas
dificuldades no decorrer de sua vida; e às vezes fica complicado ter
forças pra pensar positivo, pra solucionar um problema, pra deixar as
coisas leves. Pegue uma oração. Uma reza. Um mantra. São palavras ditas
com força, com fé que alguém lá em cima vai transformar quem está aqui
embaixo soltando a voz. E palavras na mente de uma pessoa tem um poder
enorme. Eu creio. E essa força que acabamos pedindo à Deus [insira aqui o
Deus de sua crença], acaba sendo a nossa própria força. É a nossa
lavanca.
Então, independentemente de religiões, é saudável crer.
Crer em algo maior do que nós mesmos. Se Deus existe ou não, eu não sei.
Mas, quando chegar a minha hora, eu não quero questionar. Eu quero paz.
Eu quero crença de uma continuação.
Solidão não.
27 de agosto de 2009
Nenhum comentário:
Postar um comentário