segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

uma carta de amor, uma auto análise e uma caipirinha

Queria ter algo bonito pra dizer. Isso não é difícil, sou fácil com palavras. Não sou boa em muita coisa, mas com palavra sim.  E dizem que eu danço bem também. Fora isso, nada mais me apetece. Nada mais me engrandece, me fortalece, me mantém sentindo o  sangue correndo nas veias. Sem palavras não sou nada, principalmente se elas não são ditas pra alguém ler. Confesso também que  gosto de plateia. Tenho uma veia meio-atriz-meio-comediante em mim. Já me disseram que é uma tal de insegurança. Alguém  conhece? Nunca ouvi falar.

E é lógico que minha última frase é uma delícia duma mentira, se tem uma coisa que não sei fazer nessa vida é mentir. Se você me perguntar, terá a resposta. E creio que, em 90% das vezes, minhas respostas são genuinamente espontâneas; sem intenção de machucar ou ofender ninguém. Me questiono diariamente se isso me faz uma má pessoa. E sempre termino com um velho clichê: pois eu prefiro a verdade crua do que uma meia-mentira mal passada.

Insegurança é um dos meus piores defeitos e isso talvez justifique minha vontade em ser atriz. Fingir ser outra pessoa, fazer a galera ao redor rir - tem coisa melhor? Fugir de si mesma. A grande contradição é que para esse tipo de carreira/hobby é necessária uma segurança absurda em si mesma. Vai entender. A vida é um eterno looping de opostos que se atraem e só sobrevivem se juntos.

Repeti infinitas vezes essa semana que o meu maior problema não é conseguir o que quero, mas sim, manter. Manter um relacionamento (não limitado a amorosos - mas qualquer tipo de relação que seja familiar, amigável, enfim), manter um emprego, manter uma rotina, manter disciplina. Medo? Incapacidade? Meus caralhos, é a merda da insegurança.

Mas não comecei esse texto com essa intenção. Engraçado como depois de um certo tempo sem escrever para mim mesma, me transbordo em pensamentos aleatórios que nada tem a ver um com outro... nesse exato momento, por exemplo, estou pensando no mês de março e no meu salto de paraquedas. Pirando, na verdade.

A real é que entre 2012 e 2014 tantas coisas aconteceram que mal posso contar em tópicos. Eu deveria na verdade montar slides em ppt com imagens ilustrativas - certo que seria um hit de sucesso nos memes virtuais. Claramente foram os anos mais pirados e bem vividos da minha vida. Cheios de autoconhecimento, amigos (alguns ficaram, outros foram - graças a Deus mantive os bons), bebedeiras, danças, erros e acertos. Desgarrei de um amor, me apaixonei de novo, bati a cara na parede mais uma vez. Continuei apaixonada, me conformei, fiz inúmeras (ok, hipérbole é meu forte) loucuras, descontei na caipirinha e no banheiro do Fidel. Ah Fidel, hoje eu passei na frente do bar e o balcão estava destruído. Me cortou o coração ver aquele lugar fechando... tantas memórias, tantas vidas num cantinho vermelho com um shot de cachaça (porque tequila é pra coxinha). Mal dá pra acreditar que meu livro de histórias nessa esquina congelante (porra véio, fumar um cigarro no inverno ali era impossível!) acabou. Tantos amores, desamores, discussões, danças, risadas, histórias mal contadas, amizades feitas e desfeitas, cantorias, futebol no sofá de domingo com pão de alho que mal dá pra acreditar.

Tá vendo? Já troquei as ideias por conta do fechamento do meu boteco preferido que rolou essa semana e eu mal pude me despedir. Não gosto dessa coisa sem fim, sabe? Gosto de despedidas. Não tive. Me resta lembrar tudo que vivi ali dentro e como fui feliz falando merda atrás de merda numa calçada fedida, cheia de baratas - mas também coberta de momentos bons que ficarão pra sempre na memória. Momentos tristes também, mas esses fiz questão de dar descarga junto com a vodca.

Reviravoltas, sonhos destruídos, amizades maravilhosas, encontro de almas e descobertas de que a vida pode ser leve. Aliás, não só pode como deve. Tudo isso em uma esquina que venta mais que a Irlanda inteira, cigarrinhos e cervejas compartilhadas, milhões de fotos pra guardar - obrigada tecnologia.

Esse post era para ser uma carta de amor. Virou uma auto-análise e acabou com um desabafo sobre o bar do Fidel e da Alê.

Tudo isso pra dizer, já que faz quase um ano que não atualizo esse meu cantinho, que 2014 foi do caralho. Perdemos Jair, Robin, Wilker, Márquez, Joan Rivers, e agora Joe Cocker. Mas não perdemos a fé de que podemos marcar a vida de alguém; assim como todos estes citados marcaram a de montes.

2014 foi cheio - cheio de tristeza, frustração, pânico, desespero. Mas também cheio de amor, risadas (se eu tenho outro dom nessa vida é dar risada - GRAÇAS A DEUS!), conquistas e vontade de saltar nesse mundão afora sem medo de ser feliz.

Então eu agradeço por todos que fizeram do meu ano mais feliz, mais alegre - e até quem o fez mais triste também. Quem subestima a tristeza nunca vai entender de fato o que é a felicidade.

E a você, meu bem. Por terminar meu ano me fazendo tão bem quanto eu nunca achei que merecia. You know who you are.

Eu, minha caipirinha, a esquina friorenta. E a saudade que ficou.




domingo, 2 de fevereiro de 2014

A porta de vidro


Me apaixonei de novo. Você sabe, me conhece, não me importo com riscos. Não tenho medo de bater a cara naquela porta transparente de vidro - sempre em alguma reforma ou em algum prédio onde o arquiteto acha genial colocar um troço que quebra pra ninguém ver quando passar - pra testa ficar roxa por um mês. Porque é mais ou menos isso mesmo: as coisas acontecem e a gente não vê.

Lutamos contra, negamos até dizer chega. E quando vemos... já estamos no chão vendo estrelas e um monte de gente ao redor rindo da nossa cara porque vixi, a moça não viu a porta de vidro.

O amor é uma porta de vidro - você não vê nem de longe nem de perto, só percebe sua presença quando se joga com tudo naquela pressa pro compromisso que você tem e aí quando percebe já está trupicado no chão com geral olhando pra sua cara vermelha e pro galo na sua testa.

E como eu já disse anteriormente: amar é pros fortes. E diante de tantos e infinitos defeitos que tenho; dessa virtude (se é que posso chamar de virtude, coragem, benção ou até azar) eu me orgulho! Não deixo de viver um segundo porque eu acho uma puta de uma besteira nêgo viver em negação e não aproveitar um momento completamente por medo de se cortar todo.

Parece clichê (de novo: os clichês só existem por uma razão > porque deram ridiculamente certo um dia), mas você já parou pra pensar em quantos e diversos momentos bons na sua vida você perdeu por MEDO? Porra, um dia me disseram que medo é alavanca. E deveria ser. Ele deveria ser o incentivador e não o contrário.

Veja bem o teor do assunto, isso não está generalizado e eu não estou falando pra você ir pro meio da floresta acariciar um urso, ok?!

Estou simplesmente... não estou fazendo nada na verdade.
Eu só queria te dar um oi e te dizer que me apaixonei de novo e queria te contar essa história naquele nosso chopp que um dia lá atrás nós dissemos que tomaríamos.

Já que não tem chopp, não tem papo e muito menos portas de vidro intactas... vou me retirar e continuar trilhando meu caminho na esperança de encontrar alguém que tenha o mesmo medo de aranhas que eu tenho.

Mas só o de aranhas.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

A cartomante (e a jukebox)

Fui numa cartomante. Isso me lembra a música de Elis - que, se não me engano, é composição do Ivan Lins. Cai o rei de espadas, cai o rei de ouros, cai o reu de paus, cai não fica nada. Caiu o rei de espadas e verdade seja dita - não ficou nada.

Me perguntou qual era o homem da minha vida. Disse meu pai, claro. No geral, é sempre ele - até acharmos aquele quase impossível em pleno século XXI amor pra toda vida que dizem não existir em São Paulo (esse foi o Crioulo?).

Jamais imaginei ser você, carta virada em minha vida, depois de tantos dias que já viraram anos (quem de nós dois diria, não é mesmo?). Nem de pau e muito menos ainda de ouro. É de espada. Só um punhal pra explicar a dor sentida na hora que o baralho disse que era você, o homem da minha vida. A figura masculina mais importante de toda a minha existência. Se é certo ou não, só é Deus quem sabe. Mas meu coração insistiu em pular e as lágrimas insistiram tanto - teimosas iguais a dona dos olhos -  que caíram.

Acabei de ler um texto sobre o porquê de haver amores que nunca se vão. Confesso que queria a resposta em algum tipo de pílula, livro, poção mágica; o que vier tá valendo. A escrita não me ajudou e muito menos minhas caraminholas ao pensar no assunto. Só sei dizer que, citando o Rei Roberto, você foi o maior dos meus casos, o melhor dos meus erros e das lembranças que carrego na vida: a saudade que eu gosto de ter.

Voltando lá pro Ivan (Elis, Ivan, Crioulo, Roberto Carlos... dentro de mim tem uma jukebox e ela anda sozinha sem pedir permissão pra passar)... eu acho que já estava escrito e já estava previsto. Por todas as videntes e cartomantes.

Inclusive o fato de cair e não ficar nada.

Se eu devo esquecer de tentar te esquecer? Talvez.
Talvez existam lutas na vida que sejam em vão. Nós só nos acostumamos àquela dorzinha no fim do dia, que vai ficando cada vez menos intensa, miúdinha, quase insignificante. Mas está sempre ali e quando menos esperamos ela aparece pra nos lembrar: você está se enganando, meu bem. Isso aí é autoproteção, é ego, é medo.

E eu me pergunto: medo de me permitir viver outros amores? Medo de te perder de vez (mesmo sabendo que nunca o tive)? Medo de não ser amada como fui em seus braços? Talvez.

Conjecturas. Diante de tantas situações hipotéticas, tento ter paciência.
E acreditar que Deus está comigo. E conosco, até o pescoço.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

A song for Sharon

So yes, this post will be, again, about Sharon Corr (and the Corrs).
But first, push play here.


As you all know, Brazilians fans of the Corrs had a blast last year. As I wrote on other posts, Sharon was so special and kind to us, we couldn’t believe. Since we first found out that she was coming to a gig, we were as happy as we could be. During her stay in Brazil, Dani Max (Dani Figueiredo) had this idea to make a documentary about how The Corrs changed our lives. We made friends, we made music, we made a whole different scenario for our lives – and that’s because their music inspired us. Take a look at the video:


I’m a lucky gal who has amazing friends. They are all excellent musicians and after everything Sharon has done for us in a period of sixty days, she inspired them to compose an original song, not only for the documentary, but for the amazing person she is.

First of all, we don’t live in the same city. Some are from Minas Gerais, others from São Paulo and Rio de Janeiro. We were together for the shows in October – and just a few hours before her last gig in Brazil, the boys wrote the music. After that, we had some online brainstormings and just two days to get together in a studio to make the harmonies, arrangements, etc. I don’t play anything, as mentioned before. Maybe a couple of tunes on tin whistle, but that’s it. And I was/am SO honored to be in this project! To have such wonderful people encouraging me to keep going and do my best. I was able to give opinions, to see the song being born, being created, growing… and that’s an unique feeling! I don’t have any words to describe my gratitude to all of you.

Rique, Dani, Ivo and Rafa: you guys did an amazing job with everything. Your talent is immeasurable and I can’t stop talking about you four and how proud I am of each of you.

Together with the boys; Ana, Vivian, Graciele, Dani and me put the music together during an evening so we could record the day after. Sounds crazy, but that was it! That inspiration was phenomenal, and I honestly do not have any word to describe this feeling we all have inside of us.

Like Daniel said it earlier today – it’s not only about Sharon’s or Corrs’ inspiration to us. It’s about friendship, it’s about knowing what the other one is feeling by the look in their eyes. And like Sharon said herself, we can never ignore something like that in life. It’s too precious.

The documentary shows exactly how we feel about this whole journey that has been going on since the early 90’s: it’s not about fanaticism. It’s all about inspiration, admiration, gratitude, love. How a melody can talk directly to our hearts and make a life worth living. Music pushes us forward. Music makes us believe in a better place. When we are there, we are most definitely not in this world. It’s a completely different scenario with completely different realities. A reality we wish to be true everyday – which is peace among each other’s, honesty in what we do and mostly love for what we are blessed to have in life.

Now I’m gonna tell ya’ll a short story. My story.

I had this whole life planned for 2013. I was finally fulfilling a longtime dream to live abroad. Not exactly where I wanted (Europe - I was going to the USA), but it was one of my goals in life while I’m in my mid-twenties. It all seemed to be perfect – the place, the people, the trips I was dreaming to do… but it all went wrong. No need for details, but what it was supposed to last a year, lasted only a month. I got back to Brazil with no hope. And I tried my best to make every day count – even if I wasn’t feeling good. And I did.

This specific dream was not complete. But I have to admit… Life/destiny/God/name-whatever-you-prefer-here is tricky. And it’s fair and lovely. I was lucky enough to not only fulfill one dream, but a lot of them. I got to meet one of my inspirational artist face to face, I got to record a song with amazing friends, I got to see the gig I always wanted in life. Not to mention the interview that Sharon kindly gave it to us after her last show – Max, I’ll never be able to thank you enough for letting me be there with you. I could never in my life imagine a moment like that and it was… It’s almost unreal.

But most importantly: I got a chance to be closer to amazing friends.

My dear O’Family, you have no idea what you guys did for me. You all are beautiful people with gigantic hearts and that is all about life. Having people to hold your hand, making you believe you can do anything you want – you just have to be passionate about it. You taught me that in the most beautiful way, and woke me up to a life I've always wanted, but never thought I was good enough for it. You guys became my inspiration to keep going with life – even when I don’t want to get out of bed.

Thank you for showing me the path to happiness.
To truly believe that life, as the Corrs once said it in a song, is borrowed heaven, and we’ll have to give it back someday. And while we are here… breath like everyday is our last.

Thank you.