quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

A cartomante (e a jukebox)

Fui numa cartomante. Isso me lembra a música de Elis - que, se não me engano, é composição do Ivan Lins. Cai o rei de espadas, cai o rei de ouros, cai o reu de paus, cai não fica nada. Caiu o rei de espadas e verdade seja dita - não ficou nada.

Me perguntou qual era o homem da minha vida. Disse meu pai, claro. No geral, é sempre ele - até acharmos aquele quase impossível em pleno século XXI amor pra toda vida que dizem não existir em São Paulo (esse foi o Crioulo?).

Jamais imaginei ser você, carta virada em minha vida, depois de tantos dias que já viraram anos (quem de nós dois diria, não é mesmo?). Nem de pau e muito menos ainda de ouro. É de espada. Só um punhal pra explicar a dor sentida na hora que o baralho disse que era você, o homem da minha vida. A figura masculina mais importante de toda a minha existência. Se é certo ou não, só é Deus quem sabe. Mas meu coração insistiu em pular e as lágrimas insistiram tanto - teimosas iguais a dona dos olhos -  que caíram.

Acabei de ler um texto sobre o porquê de haver amores que nunca se vão. Confesso que queria a resposta em algum tipo de pílula, livro, poção mágica; o que vier tá valendo. A escrita não me ajudou e muito menos minhas caraminholas ao pensar no assunto. Só sei dizer que, citando o Rei Roberto, você foi o maior dos meus casos, o melhor dos meus erros e das lembranças que carrego na vida: a saudade que eu gosto de ter.

Voltando lá pro Ivan (Elis, Ivan, Crioulo, Roberto Carlos... dentro de mim tem uma jukebox e ela anda sozinha sem pedir permissão pra passar)... eu acho que já estava escrito e já estava previsto. Por todas as videntes e cartomantes.

Inclusive o fato de cair e não ficar nada.

Se eu devo esquecer de tentar te esquecer? Talvez.
Talvez existam lutas na vida que sejam em vão. Nós só nos acostumamos àquela dorzinha no fim do dia, que vai ficando cada vez menos intensa, miúdinha, quase insignificante. Mas está sempre ali e quando menos esperamos ela aparece pra nos lembrar: você está se enganando, meu bem. Isso aí é autoproteção, é ego, é medo.

E eu me pergunto: medo de me permitir viver outros amores? Medo de te perder de vez (mesmo sabendo que nunca o tive)? Medo de não ser amada como fui em seus braços? Talvez.

Conjecturas. Diante de tantas situações hipotéticas, tento ter paciência.
E acreditar que Deus está comigo. E conosco, até o pescoço.

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